Peça cômica sobre a fofoca.
Duas
mulheres, membros de uma igreja evangélica, travam um diálogo para lá de
maledicente, contaminando outros membros com suas línguas afiadas para o mal.
Envolvidas
com as fofocas deixam de prestar atenção ao culto que teve como tema da
mensagem justamente o problema que as acometia: “aquilo que contamina o homem é
o que sai da boca, e não o que entra por ela”.
Personagens:
Lúcia –
Carmem –
Irmã Laura –
Irmão Salomão –
Menina –
Maquiagem:
Cenário:
*Duas cadeiras de igreja,
*Uma porta de banheiro, que pode ser feita de TNT, escrito “BANHEIRO” em cima.
Efeitos sonoros:
*Gravação de levitas testando os microfones (início);
*E outra gravação dando a benção apostólica (final); e
*gravação da vinheta “Hebert Richard”.
ABERTURA:
(A CIA DE TEATRO ABNER, INFORMA):
Esse texto é totalmente fictício, e não quer retratar a realidade de nenhuma
igreja.
(“ VERSÃO BRASILEIRA HEBERT RICHARD” )
(Entram conversando: “Cacos”, quando sentarem, começam o texto )
Carmem – Por que você não veio pra escola
dominical hoje, hein?
Lúcia – Irmã, eu tava tão cansada,mas tão
cansada, que acabei perdendo a hora.
Carmem – Já achou?
Lúcia – O quê?
Carmem – A hora mulher! Tu é muito lenta
visse?!
Lúcia – Veio muita gente?
Carmem – É! Veio! Eu e mais quatro irmãos.
Lúcia – Mas irmã Carmem, meu filho tá me
dando tanto trabalho.
Carmem – É? Por quê?
Lúcia – Ele tá de chamego com uma menina que
não é pra ele, ela não é crente e fica levando ele pra sair, pra balada como
eles dizem.
Carmem – Mas ele estava tão bem na igreja,
fazendo amizade com todo mundo.
Lúcia – Pois é, mas depois que conheceu essa
mulher na faculdade, esfriou. E o pior: é mais velha que ele 20 anos.
Carmem – Misericórdia! Ela vai criá-lo, é?
Lúcia – Não é hora de brincadeiras! Preciso
que ore por ele.
Carmem – Claro! Desculpe, saiu sem querer.
Vou orar sim. Mas se a igreja ficar sabendo, já viu. Tem tanta gente que gosta
de uma fofoca...
Lúcia – Mas você não vai contar a ninguém,
vai?
Carmem - Eu? Claro que não! Minha boca é um
túmulo! Não sou de fofocas.
Carmem – Eu vou orar por ele. Mas Lúcia,
mudando de assunto, você já tá sabendo da novidade?
Lúcia – Não! Me diz logo, antes de começar o
culto.
( GRAVAÇÃO I )
Carmem – Minha filha vai casar!
Lúcia - Mas já! Tão depressa! Só está
namorando há 5 anos e é noiva há 1! É muito pouco tempo, você não acha?
Carmem – Não! Está na hora certa.
Lúcia – Quando vê esses casamentos às
pressas, pode ter certeza. É buxo! (fala pro lado em tom de pensamento,enquanto
Carmem olha pro lado)
Carmem – Hã! O que disse? Não ouvi!
Lúcia – Não, nada! Estava pensando alto. Que
Deus abençoe os dois, né?
Carmem – Amém! Estou tão ansiosa pra ser avó!
Lúcia – Não disse?! Tinha certeza. Está se
casando grávida.(fala olhando pro lado novamente). Irmã, vem cá! Ela vai se
casar de branco?
Carmem – Claro! Minha filha é vigem, Lúcia!
Ponho minha mão no fogo por ela! Ai!
Lúcia – Que foi? Se queimou?(com ar irônico)
Carmem – Não! Deu cãibra na minha perna!
Lúcia – Há bom! Menos mau.
Carmem – O louvor já vai começar Vou ao
banheiro, já volto. Guarde meu lugar!
Lúcia – Está bem vá, mas volte logo. Se não
vão dizer que você esta passeando pela igreja antes do culto.
Carmem – Está bem!
(Nessa hora, a cena se divide em dois pontos: um com Carmem e outra pessoa que
ela encontrou quando foi ao banheiro; outro com Lúcia e irmã Laura.)
Lúcia – Oi minha querida, a paz! Senta aqui
quero te contar uma coisa.
Irmã Laura – Mas esse não é o lugar da irmã
Carmem?
Lúcia – É! Mas sabe como é, né?! Ela fica
passeando o tempo todo! Ela disse que já, já, ela volta.
Irmã Laura – Mas me diga. O que você queria me
contar?
Lúcia – Não diga a ninguém que lhe contei,
mas a filha da irmã Carmem,sabe?
Irmã Laura – Sei, o que que tem?
Lúcia – Está grávida! E vai se casar às
pressas. Foi a própria mãe quem me contou.
Irmã Laura – Irmã! Que escândalo! Ela me parecia
ser uma moça tão direita.
Lúcia - Pois é. Ficou esquerda. Colocou a
carroça na frente dos bois.
Irmã Laura – Estou passada! Imagine quando toda
igreja ficar sabendo?!
Lúcia – Não! Ninguém vai saber! Você não vai
contar, vai? E minha boca é um túmulo! Não gosto de fofocas. Misericórdia!
Irmã Laura – Eu vou pro meu lugar que vai começar
o culto. E a irmã Carmem tá voltando.
Lúcia – Até mais! A paz!
(escurece o lado de Lúcia e Irmã Laura e acende a luz para o lado de Carmem e
outra pessoa na porta do banheiro)
Irmão Salomão – Oi, irmã Carmem! A paz do Senhor! Vai ao banheiro?
Carmem – A paz! Vou sim, mas irmão já soube
da nova?
Irmão Salomão – Não me diga, irmã. O que foi?
Carmem – Eu soube que o filho da irmã Lúcia
esta se envolvendo com uma mulher mais velha do que ele.
Irmão Salomão – Sim! E o que é que tem?
Carmem – Como “o que é que tem”? Ela é casada
e tem três filhos.
Irmão Salomão – Misericórdia! Foi isso que lhe
disseram?
Carmem – Bem, me disseram que era mais velha,
mas o resto é fácil de deduzir, né?!
Irmão Salomão – Mas irmã, que escândalo!
Carmem – Pois é. Mas deixa eu ir, que senão
vão falar que estou de fofoca com o senhor, e o senhor sabe que não gosto de
fofocas, longe de mim falar dos outros. A paz! Até mais !
(Volta pra cadeira, se senta e pergunta:)
Carmem – O que estava conversando com irmã
Laura?
Lúcia – Mulher, deixa esse costume de querer
saber da vida do povo! Que coisa feia! Ela só tava me contando que a filha de
uma amiga dela casou grávida, imagine você?!
Carmem – Ainda bem que minha filha tem juízo
e não me decepcionou nesse ponto!
Lúcia – (à parte) Coitada ainda nem sabe!
Carmem – O que você disse?
Lúcia – Disse que o louvor vai tocar agora.
Tu ta ficando môca, visse! Deve ser a idade!
Carmem – Misericórdia! Lúcia, olha a irmã.
Veio quase pelada! Isso é tamanho de saia?!
Lúcia – E o pastor num diz nada. É uma pouca
vergonha!
Carmem – Já, já, as irmãs vão estar vindo só
de biquíni pra igreja
Lúcia – Eu num duvido nada... Esses jovens
não têm respeito por nada mesmo...
(apontando pra frente e usando de fé cênica, veem um casal conversando)
Carmem – Menina, pelo amor de Deus. Aqueles
dois não param de conversar um minuto.
Lúcia – E não sei que tanto assunto é esse.
Carmem – Quando termina o culto, você nem
imagina o que eles fazem! Ficam no maior agarra-agarra na porta da casa dela.
Só faltam derrubar o muro.
Lúcia – Misericórdia! Não me diga isso, a mãe
dela me parecia ser uma pessoa tão crente... E permite um despautério desses na
porta de casa?
Carmem – Pra você vê! As aparências enganam.
Lúcia – Olha, o grupo de dança vai se
apresentar.
Carmem – Espero que dessa vez elas se
apresentem com roupas mais descentes, por que da ultima vez dava pra ver até o
calcanhar!
Lúcia – Foi mesmo?! Que pouca vergonha! E
pastor num disse nada?
Carmem – Nadinha, minha filha. Nadinha! Bateu
palmas e tudo!
Lúcia – Menina, tu assistiu a última peça
que o teatro apresentou?
Carmem – Não!
Lúcia – Pois não perdeu nada. Outro
despautério! Você nem vai acreditar no que eles fizeram!
Carmem – Me diga logo, pois já estou ficando
intoxicada de tanta curiosidade. Não que eu seja curiosa, mas quando o assunto
é interessante... Me diz logo, mulher!
Lúcia – Vestiram os meninos de mulher dentro
da igreja, com tantas meninas no teatro. Agora me diga pra que? Me diga?
Carmem – É o fim do mundo! Que coisa
horrível! E o pastor fez o quê?
Lúcia – Ria, ria e ria, mais que todo mundo.
Carmem – Vou falar com a esposa dele. Ela não
deve estar gostando desses despautérios.
( GRAVAÇÃO II )
Lúcia – Menina, o culto já acabou?
Carmem – Já ! Também, o culto é só louvor. A
palavra que é mais importante fica com 20 min.
Lúcia – O pastor pregou sobre o que, hein?
Carmem – Nem sei, visse! Pergunta a essa
adolescente aí!
Lúcia – Ei, a palavra foi sobre o quê hoje,
minha filha?
Menina – Irmãs, a palavra falou acerca da
língua! O que mata não é o que entra pela boca , mas o que sai dela!
( Black-out)
FIM
Igreja- Betel Brasileiro João Pessoa -PB no bairro da Torre
Cia de Teatro ABNER
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu cometário sobre as postagens!
Obrigada!!