quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PEÇA TEATRAL- SONHOS ABANDONADOS


>>> Personagens:
1 narradora- É a voz oculta feminina (VOF)- Enquanto ela fala a encenação continua ou passa o tempo/cena muda.
1 médico(a);
2 amigos- Paulo e Kelly;
1 menina- namorada- Renata;
1 menino- namorado- Bruno.

(Som das máquinas no hospital sinalizando batimentos cardíacos. Todas as vezes que a VOF falar esse som deve aparecer)

VOF: Garanto que a minha história poderia ter sido diferente, mas eu não quis, eu determinei isso naquele dia... (abrem-se as cortinas e aparecem Bruno e Renata conversando) ... Aquela ali sou eu, aquele é o Bruno, e esse, talvez o dia que pensei que seria o mais feliz da minha vida.
Renata: Então... Você me ama de verdade? Está disposto a casar comigo?
Bruno: Claro! Você aceita ou não?
Renata: É lógico, meu amor! Isso é tudo o que sempre sonhei!!!
Bruno: E já que vamos casar... Pensei que poderíamos selar nosso amor.
Renata: Selar nosso... Como assim?
Bruno: Quero que nos tornemos um só, meu bem, que assumamos um compromisso que jamais será desfeito, a prova física de nosso amor.
Renata: O que seria essa prova? (ele fala em seu ouvido) Bruno! Seria bom, mas... Meus pais iriam me expulsar de casa! O pastor vai me disciplinar...
Bruno: Renata, vamos nos casar, não vamos? Você já tem idade suficiente para sair debaixo das asas de seus pais. E quem liga pra disciplina? Eu estarei com você, aconteça o que acontecer.
Renata: Ow, meu bebê. Tudo bem, será ótimo. Meus pais não aceitarão no começo, mas os pais nunca percebem que os filhos cresceram, não é?
Bruno: Sim, querida, eles nunca percebem. Mas agora faremos outra família e o que eles pensam não importa mais.
Renata: Então será hoje rsrs Aonde?
Bruno: Calma, princesa, eu te busco e te faço uma surpresa.
Renata: Como você é romântico, meu bem.

VOF: Não pude dizer não ao meu querido noivo. Em breve nos casaríamos, fazer sexo não seria problema algum, então dormimos juntos naquela noite. No dia seguinte, contei tudo aos meus melhores amigos.

Paulo: Você o quê? Renata, como você pode? E todos os seus sonhos para um relacionamento cheio da presença de nosso Deus?
Kelly: Renata, você está com graça, eu não acredito em você!
Renata: Pois é verdade! Tudo verdade, e foi muito bom, exceto o pesar que sinto agora.
Paulo: Consciência...
Kelly: E seu ministério? Não pensou nele?
Renata: Eu já vou me casar, Kelly!
Paulo: Eu só tenho a lamentar por você. Jogou fora muitas coisas lindas! Estás ao menos arrependida?
Kelly: Sim! Se estiver arrependida vamos orar por você e você pode abandonar essa prática... Ainda tem jeito amiga!
Renata: Não, não estou arrependida! E se soubesse que vocês falariam essas coisas nunca teria contado!

VOF: Não conseguimos parar mais, cada noite era melhor, Bruno cada vez mais dedicado, mais carinhoso... Meus pais descobriram, não me expulsaram de casa, eu quis sair. Bruno estava certo, era hora de crescer. Juntei minhas coisas e fui morar com ele, acabamos por não nos casar, ele disse que não era mais preciso, que já me tratava como sua esposa e que legalmente eu tinha todos os direitos. É difícil contar essa história sem me emocionar, tenho boas e más lembranças daquela época. Dizem que o que é bom dura pouco, mas não acredito nisso. O amor dos meus pais era muito bom, e não durou pouco. Apesar de tudo, eles ainda me amavam. O amor de Deus também é muito bom, e não durou pouco por que apesar de tudo o que eu fazia, ainda conseguia sentir que ele me amava. Às vezes lembrava de quando eu estava na igreja, o ministério que abandonei, da paz que eu tinha em mim e chorava muito, mas não tinha forças para voltar. É... O amor de Deus não durou pouco, meu pastor dizia que esse amor não tem fim. Mas algumas outras coisas duraram pouco sim. A alegria daquela nova vida com Bruno, por exemplo! É! Ela durou muito pouco... Em alguns momentos esquecia de todos os meus problemas, mas logo depois sentia uma profunda ânsia... O amor de Bruno também durou pouco, acho que ele nunca me amou. Depois de conseguir o que queria, me expulsou da sua casa... Acho que encontrou outra moça inocente e mais bela. Alguns dias depois tive outra notícia...

Kelly: Você está grávida?
Renata: Conto a ele ou não?
Kelly: Claro que não! Ele simplesmente te abandonou!
Paulo: Claro que deve contar! Ele é o pai! E tem a obrigação de te assistir durante toda a sua gravidez!
Renata: E se ele voltar a me amar quando souber?
Paulo: Não seja tola, ele nunca amou você!
Kelly: Bom... Você pode tentar falar com ele, vamos ver o que ele diz!
Renata: Vou ligar agora mesmo! (pega o telefone e faz uma ligação) Alô(...) Bruno?
Bruno: Quem fala?
Renata: É a Renata!
Bruno: Ah... O que você quer?
Renata: Bruno, preciso te contar algo maravilhoso! Você vai achar incrível, mas não posso falar por telefone, precisamos nos encontrar.
Bruno: Não tenho tempo! Fala logo!
Renata: Bruno!
Bruno: Fala logo ou desligo esse telefone, pensei ter deixado bem claro que não temos mais nada em comum! Chega, Renata! Não deu certo entre nós! Volta pra tua família vai!
Renata: Você está enganado, Bruno, temos muito em comum! Temos um filho em comum!
Bruno: O que?
Renata: É isso mesmo, querido, estou grávida!
Bruno: De quem?
Renata: Como assim de quem? Você foi o único homem da minha vida, Bruno! É nosso filho!
Bruno: Problema seu se você está grávida! Eu não tenho nada haver com isso, vire-se!
Renata: Me virar? Bruno! Eu era uma moça inocente que vivia na igreja e você me fez mil promessas! Disse que nos casaríamos e...
Bruno: Se você é idiota o problema é seu também! Passe bem! (desliga o telefone na cara dela e ela começa a chorar)
Paulo: O que foi, Renata?
Renata: Ele não se importa, não quer saber do bebê... Ele disse que fui idiota quando acreditei nas promessas dele.
Paulo: Avisamos você.
Kelly: O problema é que os apaixonados ficam cegos... Depois que colocam uma coisa na cabeça acham que estamos falando para o mal deles...
Paulo: Mas pode contar com nosso apoio, Renata.
Kelly: Agora é importante que você volte para sua casa.
Renata: Pra casa? Não posso! Com que cara vou aparecer lá? Saí uma garota cheia de sonhos com um noivo, esnobando toda a minha família, agora volto solteira e com um filho? Nem pensar!
VOF: E de fato não voltei para casa. Meus amigos falaram com meus pais, contra a minha vontade, mas eu não quis a ajuda deles, quis maquiar a minha história e fingir que tudo estava bem, mas não estava. Os nove meses se passaram, e como foram longos e sofridos. Tinha o apoio dos meus amigos e eles dos meus pais, mas Bruno nunca mais me procurou, nem eu a ele. Soube que ele estava em outra igreja e já estava namorando uma jovem de lá, um dia o vi na rua com ela, e era aquele mesmo jeito de quando o conheci... Parecia tão bom para ela, tão santo! Tão comprometido... Mas eu sabia que era só uma farsa, pena que descobri tarde. Talvez um dia ele faça a ela a mesma proposta que fez a mim, talvez ela seja mais inteligente e diga não, torço por ela. Quanto a mim, tive o dia do parto como o último dia da vida.
Senti muita dor, Paulo e Kelly me levaram ao hospital, o médico fez o parto com uma feição bem tensa, ele parecia prevê a morte do meu filho, e a minha também. Meus pais estavam lá, eles falaram comigo e enfim pudemos fazer as pazes. Pedi perdão por deixa-los e pedi que cuidassem do meu filho se acontecesse alguma coisa. Eles me confortaram, garantiram que eu ficaria bem e que cuidariam do meu filho e de mim, com o amor de sempre. Paulo e Kelly me parabenizaram, eu tive um lindo bebê. Olhei para eles e percebi algo especial, estavam de mãos dadas e depois seguraram meu filho emocionados. Entendi que se amavam. Entendi que me amavam. Que meus pais me amavam. Que Deus me amava. O meu casal de amigos me lembrava outra vez os sonhos de menina que eu sempre alimentei. O sonho de ter um casamento feliz, com um rapaz que me amasse e mais que isso, que amasse a Deus. Seríamos felizes, nosso lar seria uma benção, nossos filhos seriam consagrados ao Senhor... Que família linda eu sonhei! Mas eu troquei tudo isso por uma proposta tola... Eu não soube dizer não.
Nunca deveria ter aceitado aquela proposta, nunca! Mas tive tantas oportunidades de me arrepender e recomeçar depois dela... Paulo e Kelly queriam orar por mim, Deus queria me perdoar, sim! Ele queria. Afinal, Ele ainda estava lá, como sempre, Lindo, Santo, Bom... Tão Amoroso... Deus ainda era o mesmo. Ele sabia da minha dor, sabia que minha alma gemia e sabia o remédio para curá-la, Ele era o remédio para curá-la. Sim... Deus ainda estava lá. E, se Ele ainda estava lá e ainda queria me perdoar, só faltava uma coisa! Faltava eu querer receber esse perdão. Foi nesse momento em que entendi toda a minha vida e me arrependi. Joguei tudo fora mais ainda podia recuperar uma coisa: minha salvação, a aliança quebrada com Deus ainda podia ser refeita. Ele me amava tanto, como ninguém jamais amou! Esse amor não poderia ter acabado, e era verdade! Deus ainda me amava! Me arrependi. Meus amigos oraram por mim e depois de tanto tempo a minha alma de novo sorriu, de novo senti paz.
O médico já havia informado à família, o bebê estava bem, mas eu não conseguiria sobreviver. Eu já sabia que quando meu corpo enfim esfriasse eram os meus pais que fechariam meus olhos. Eu agora estava novamente no lugar de onde nunca deveria ter saído. A vida findava, mas apesar de tudo, eu partiria em paz.

(Som das máquinas sinalizando a parada cardíaca)


Peça retirada do site:  http://teatroevangelico.webnode.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu cometário sobre as postagens!
Obrigada!!